Jovens pelo clima
Cheguei no norte da Itália anteontem (quarta-feira) depois de um voo que teve de mudar de rota por causa de um furacão que ocorreu na noite de terça sobre o Atlântico. O avião desviou e chegamos bem em Milão. Hoje estou em uma pequena cidade na região de Veneza. Nesse dia um milhão e quientos mil jovens e adolescentes, estudantes do curso médio e também universitários ocuparam as ruas e praças pedindo aos governos e à sociedade maior atenção aos problemas climáticos. Nessa cidade onde estou (Prezanzol), me pediram para falar em um encontro de adolescentes das primeiras séries do ensino médio. Deram como assunto: Nós e a Amazônia.
À tarde, na Biblioteca pública do município, um encontro com umas 80 pessoas sobre a Amazônia como responsabilidade comum da humanidade. Quando acabei de falar, apareceu um rapaz (Césare) de 17 anos que tomou a palavra e disse: “Estou condenado à morte. Não sei quando a sentença se cumprirá, mas sei que não escapo. Vou morrer e é provável que vocês não tenham sorte melhor do que a minha. Até quando conseguiremos respirar o ar que está envenenando o planeta? Chegaremos a 2025? Ou a 2030? Eu completo 18 anos no próximo mês. A que idade conseguirei chegar? E os filhos de vocês?
E começou a desenvolver esse discurso que quase agredia o auditório. Muito forte, mas muito bem documentado e bem articulado. Muito claro ao afirmar: No Capitalismo que atualmente domina o mundo, não há salvação. Acolhi e apoiei sua intervenção e tentei refletir juntos algumas perspectivas de saída. Mas, fiquei espantado com o pessimismo que vi nele e ele dizia que é de muitos de sua geração. De todo modo, vi como uma profecia da juventude que não podemos deixar de acolher e levar a sério.