Para nos darmos as mãos na busca de saídas nos labirintos da Vida
Voltei agora do lançamento do meu novo romance Labirintos no Armazém do Campo. Estavam presentes umas 50 pessoas. O ambiente foi muito afetuoso e comunicativo. Anderson Gusmão fez o papel de mestre de cerimônia sem cerimônias e conduziu muito bem o evento. O conjunto musical Siembra composto por amigos como Valmir Assis, Mateus Brindeiro, Bruno, Carla e outros cantaram e tocaram músicas lindas e envolventes. Raminho, coordenador do Armazém do Campo deu as boas vindas e nos apresentou o projeto do Armazém. Depois, Vera Baroni, uma das pessoas às quais o livro é dedicado, falou e falou com emoção e vibração. Disse que nunca tinha lido um romance assim e que se sentiu plenamente envolvida na história. E me agradeceu por apresentar ao grande público um conhecimento assim amoroso das culturas e expressões religiosas afrobrasileiras. Depois Rejane me entrevistou e na entrevista me fez cinco perguntas que eu respondi como podia. Primeiramente quanto no livro é romance - ficção e quanto é real. Respondi que não sei dizer porque os personagens assumiram sua autonomia e existem realmente na vida do dia a dia, seja no plano físico, seja no plano simbólico. Por outro lado, os fios que tecem as historias deles são construídos como sonhos que nos vêm quando estamos acordados. Depois, ela me perguntou por que eu, monge, dedicava meu tempo a escrever romances. Respondi que assuntos que sao muito caros a mim não consigo desenvolver apenas racionalmente. Preciso contar histórias - arte que aprendi do meu pai desde muito pequeno. E que respeita mais o mistério. Então ela me perguntou o quanto do personagem principal tem de mim mesmo. De novo tive de dizer que não sei mas que desejo ser ao mesmo tempo, padre cristão, rabino judeu, ashanti da religião tradicional africana e assim por diante... Isso para viver mais profundamente a minha fé. Ela me perguntou ainda se alguém nao poderia achar o livro erótico demais, (ela estranhou que eu falo demais de amor e paixão). Respondi que, um século depois de Cristo, a tradição judaica conta que os discípulos perguntaram ao velho rabino Aquibá, qual o livro mais santo da Bíblia. O velho rabino respondeu: Todos os livros da Bíblia são santos, mas o Cântico dos Cânticos é o mais santo. Embora seja o único livro da Bíblia no qual não existe nenhuma vez o nome santo de Deus, é um livro sobre o Amor e por isso é o mais sagrado. E o Amor do Cântico dos Cânticos é amor erótico e sensual...
Conclui dizendo que todos nós ali presente éramos chamados pelo livro a descobrir em nós a vocação de representantes de Deus (Ashanti) para espalhar amor pela humanidade. Depois disso, Vera Baroni fez uma invocação aos Orixás e nos demos as mãos e em comunhão com a Marcha das Margaridas que se deu hoje em Brasilia, cantamos de maos dadas o Pai Nosso dos Mártires. E encerramos o evento com um pequeno lanche e os autógrafos que o pessoal queria. Enquanto isso, o grupo musical continuou abrilhantando a festa com cânticos lindos e envolventes. Que Deus seja louvado por essa noite de ternura comunitária e resistência