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Meditação bíblica, domingo, 06 de junho 2016

Nesse 10° domingo do tempo comum, o evangelho lido nas Igrejas é o de Lucas (7, 11- 17) que conta como Jesus, ao entrar com seus discípulos, na cidade de Naim, ressuscita (levanta) o filho morto de uma mãe viúva.

Daqui há pouco vou celebrar na Igreja das Fronteiras e vou pregar sobre esse evangelho. Tenho muita dificuldade de falar sobre esse tipo de texto evangélico. Principalmente em uma situação como a nossa aqui do Recife (mas de todas as cidades brasileiras) onde a cada dia tantas mães pobres perdem filhos jovens e adolescentes, assassinados pela polícia ou pelos traficantes. Ainda nessa semana no Rio de Janeiro uma mãe perdeu um filho criança. O menino (de dez anos de idade?) roubou um carro e a polícia do Rio o baleou mortalmente. Quantas viúvas ou simplesmente mães que perdem filhos podem, ao ler esse evangelho, dizer: Por que Jesus não vem agora e não ressuscita meu filho? E a pastora Helena, minha amiga que perdeu o seu filho, vítima de meningite, o que dirá? 

Os comentadores farão desse texto uma parábola da compaixão divina - Jesus deu um sinal de sua ressurreição. Mostrou que o projeto de Deus é vida para todos. Está certo. A energia que ressuscitou o rapaz de Naim foi o fato de que as entranhas de Jesus se moveram de amor uterino (compaixão ou como agora diz o papa Francisco: misericórdia). E essa energia que ressuscita e dá vida nova, essa energia nos é dada e nós possamos vivê-la. Isso, estou de acordo. Tanto no plano das relações pessoais, como das relações sociais e políticas. Quanta gente precisa que eu possa entrar em sintonia de compaixão (com paixão - entrar na dor do outro) e dizer à pessoa: Levanta-te. Que nos levantemos uns aos outros pela força dessa compaixão de ternura divina que Deus reparte conosco.

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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