O evangelho proclamado nas Igrejas nesse 4° domingo da Quaresma é o evangelho do pai misericordioso que acolhe e perdoa o filho pródigo (Lucas 15, 1- 3 e 11 ss). Jesus contou essa parábola para explicar aos religiosos de sua época porque ele comia com pecadores e com gente de má vida. Infelizmente, vai ter de contar muitas vezes essa parábola porque a maioria de nós se comporta como os religiosos da época de Jesus. Nós nos consideramos bons e justos. E temos dificuldade de acolher e compreender os que consideramos errados e desviados do caminho. Jesus centra tudo na misericórdia do Pai. Gosto do quadro de El Greco que pinta o pai acolhendo o filho e a gente vê as duas mãos do Pai: uma masculina e outra bem feminina. Deus é Pai e é mãe amorosa que, como diz o salmo 103: "não leva em conta os nossos pecados e perdoa as nossas transgressões".
Quem quiser fazer uma meditação mais profunda desse texto, sugiro que leia Jeremias 31 e veja como Lucas quase comenta essa passagem sobre a aliança nova que Deus fará não mais baseada na lei, mas no seu amor misericordioso. E como ele nos chama à conversão que é ao céu e à terra. Como diz o papa Francisco, é uma conversão ecológica. O rapaz que volta diz: "Pai, pequei contra o céu e contra ti". O pecado é assim: rompe a aliança cósmica com Deus, com o outro e com a natureza. É preciso voltarmos a essa aliança de intimidade.