Aqui na Argentina onde estou, nesse domingo, a Igreja Católica celebra a festa da eucaristia (corpo e sangue de Cristo). Sobre isso escrevi o artigo dessa semana passada e o reparti com vocês ontem. No Brasil, celebramos um domingo comum do ano e as leituras são as mesmas nas comunidades católicas, anglicanas e mesmo algumas luteranas. As Igrejas leem Marcos 3, do v 20 em diante. Gostei da comparação de um colega que para explicar como os antigos escreviam usou a expressão "estilo sanduíche". O principal (a carne ou o queijo) está no meio e no começo e no fim está a parede (no caso do sanduíche feita de pão, no caso dos textos antigos, a narração, o relato). Nesse sentido, o capítulo 3 de Marcos enfrenta a questão quais são os adversários ou obstáculos que Jesus enfrenta para cumprir sua missão e ser instrumento da vinda a esse mundo do reinado divino, do projeto divino para o mundo. Segundo o evangelho, o primeiro obstáculo é a família. A mãe e os irmãos, diz o relato de Marcos, pensam que ele enlouqueceu e vêm buscá-lo. Mas, Jesus cria outra família (todas as pessoas que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática). Outro obstáculo ainda maior do que a família: a religião institucionalizada: os mestres da lei e os fariseus. E finalmente a história do homem forte, isso é, aquele que tem força (na época de Jesus, o império, poder político imperial) que é como o demônio: tem de ser expulso, jogado fora. Como diz o capítulo 5: jogado no mar por onde ele veio...
Que pena o fato dos padres e pastores terem deixado de ler o evangelho a partir da realidade concreta do mundo e da vida. Pensam que uma leitura assim reduz o evangelho. É claro que nenhuma leitura é total ou absoluta. Todas as leituras são parciais, mas é preciso sim ligar o evangelho com a vida...
Na ficha semanal de cânticos e sugestões que Reginaldo Veloso manda para a liturgia de cada domingo, dessa vez, ele lembrou que, nessa semana, a presidente da República sancionou uma lei dando direitos de igualdade e de promoção humana às empregadas domésticas. Isso não foi um ato de bondade do poder. Foi resultado de uma conquista dura de muitas mulheres e homens que lutaram por essa medida de direitos humanos que não era reconhecida. Essas pessoas são da família espiritual do profeta Jesus. Como todos nós somos chamados a ser.