As comunidades ouvem ou lêem hoje o trecho do evangelho no qual Jesus cura um homem surdo que, por ser surdo tinha dificuldade de falar. (Marcos 7, 31 ss). Celebrei com as irmãs franciscanas e comentei com elas. É interessante como essa passagem do evangelho (que só existe em Marcos) respira um clima de certa clandestinidade. Jesus está no estrangeiro e o evangelho salienta que em regiões longínquas de sua Galiléia. Entra em casa sem ninguém saber. Trazem-lhe um doente (surdo) e ele leva o homem para longe da multidão. O homem tem dificuldade de falar. Jesus o cura e insiste que não conte a ninguém. Todo o contrário de alguém que quisesse divulgar sua mensagem. O contrário de uma religião de mídia como hoje de manhã vi na televisão - uma celebração católica que me pareceu nada ter a ver com esse espírito de Jesus. O evangelho diz que Jesus fez lodo com a saliva. Para os judeus religiosos, esse contato com a saliva torna Jesus e o homem legalmente impuros. Jesus parece não dar a mínima importância a isso. Diz ao homem em aramaico: Éffata! Aquele ser humano não ouvia e tinha dificuldade de falar. Jesus o põe em relação. Abre seus ouvidos e ao ouvir, ele passa a poder falar. Esse evangelho me fala dessa abertura ao outro (Jesus está no estrangeiro) - abertura ecumênica e humana - e me confirma que isso é o que Jesus faz com a gente- nos dar uma nova capacidade de ouvir e de se comunicar. Tomara que sejamos fiéis a essa missão.