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Meditação bíblica, domingo, 10 de janeiro 2016

Hoje, as Igrejas antigas no Ocidente celebram a festa do Batismo de Jesus. Com essa celebração, se encerra o ciclo do Natal (e Epifania) e se abre o tempo comum do ano. Nesse domingo, as leituras (Is 42 e Lc 3) nos falam da vocação de Jesus.

Para os evangelhos, foi no batismo no Jordão que Jesus descobriu a sua vocação. Antes, ele vivia uma vida escondida e discreta. Agora, ele se torna profeta. No evangelho de Lucas, Jesus substitui o profeta João (quando João foi preso) e o batismo representa um tempo novo. O fato de Jesus assumir sua vocação de profeta traz ao mundo um tempo novo - é isso que significa o céu se abrir. Os santos pais diziam que desde que o homem pecou e o povo traiu a aliança de Deus os céus tinham se fechado à humanidade. No batismo de Jesus, céus e terra se unem de novo. Hoje, que temos de retomar um maior cuidado ecológico, é importante ligar isso com a nossa forma de viver a fé...

A Bíblia tinha começado dizendo que "no princípio, a terra era informe e vazia e o Espírito de Deus soprava sobre as águas". Agora, ao sair das águas, Jesus recebe o Espírito... O Espírito vem pelas águas. E o rio Jordão é simbólico. É através do Jordão que os hebreus puderam no tempo do Êxodo entrar na terra prometida (Js 3). Agora é no Jordão que começa essa nova entrada na terra - o batismo de Jesus é como se ele passasse do império do mundo romano para o reinado divino. Isso tem um conteúdo político que hoje dificilmente as pessoas percebem. 

Em grego, o termo batismo significa banho por mergulho. O termo hebraico Miqweh  significa, ao mesmo tempo, banho e esperança. O batismo de Jesus é um banho de esperança. A esperança messiânica que temos de recuperar e viver hoje em meio a um Brasil e a um mundo que parecem muito sem perspectivas. Essa é a mística de uma espiritualidade social e política que junta a dimensão profética do reino e a intimidade do Espírito Santo (o aspecto carismático ou pentecostal) que, muitas vezes, hoje, nas Igrejas, anda meio separado.... Ou as pessoas são muito espirituais e não ligam para o político ou são muito sensíveis ao político e não ligam para o espiritual. Temos de mudar isso em nós e no mundo. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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