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​Meditação bíblica, domingo, 13 de janeiro 2013

Ontem, o encontro sobre os 100 anos de Arturo Paoli e os 50 do Concílio foi muito bom. Teve momentos comoventes. Ver um homem de cem anos, lúcido e alegre, afirmar sua fé na renovação da Igreja e do mundo e ao mesmo tempo se comprometer de ir até o fim consagrado a essa causa. Ele chegou na América Latina em 1960 e até quando conseguiu, animou comunidades de base na Venezuela e no Brasil. Como dom Hélder Câmara, é um homem de fronteiras. Morou muito tempo em Foz do Iguaçu, com um trabalho nas fronteiras do Brasil, Argentina e Paraguai. Mas, viveu sempre nas fronteiras da Igreja e do mundo, em diálogo com crentes e não crentes. E eu afirmei que ele nos ajudou na América Latina a dar um nome novo e original ao Concílio Vaticano II: Medellin, a opção  da Igreja pelos empobrecidos e como serviço libertador ao mundo. 

Neste domingo, começo o dia com uma celebração doméstica (isso é, feito em uma casa de família e em torno de uma mesa) da festa do batismo de Jesus. Uma festa que amo muito e que é muito querida nas Igrejas orientais. É a festa da descoberta da vocação de Jesus e ao mesmo tempo de sua inserção ou de sua decisão de ser servidor. Eis o meu filho, em hebraico, o termo original de Isaías é meu servo, meu predileto.... E na cultura antiga, filho é aquele que faz o que o pai faz. Ele é filho porque age como Deus age. Mas, ao mesmo tempo, é plenamente um de nós, "quando todo o povo ia sendo batizado, Jesus se apresentou ao batismo", diz o evangelho de hoje (Lucas). E segundo esse evangelista, João já estava preso. Então, nem se sabe quem batizou Jesus. Não é importante. O importante é que ele assumiu a condição nossa de pecadores para viver conosco o caminho do reino, do projeto divino. 

Ao trabalhar hoje no diálogo com outros caminhos de fé e procurar expressar minha fé de forma pluralista e mais universal, retomo a alegria de ter Jesus como mestre e de não precisar isolá-lo de outros  ungidos ou consagrados de Deus (Cristos, diz a Bíblia) de outras tradições e caminhos. Deus está em todo canto e com todo mundo. E Jesus nos mostra isso. Graças a Deus. A opção nossa é segui-lo nesse caminho de serviço e de amorização do mundo. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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