Apesar de que na reforma litúrgica feita após o Concílio Vaticano II, a Igreja Católica tirou da Liturgia o que se chamava "o tempo depois da Epifania" e integrou essas semanas antes da Quaresma no "tempo comum", esse 2o Domingo do tempo comum parece ainda muito influenciado pela Epifania. De fato, as leituras e principalmente o evangelho das bodas de Caná (Jo 2, 1 - 12) sempre foi uma das leituras da Epifania, até pelo fato de que o evangelho se encerra com a afirmação: esse foi o primeiro sinal que Jesus fez e através dele, manifestou a sua glória e seus discípulos creram nele.
A palavra de Deus que recebo através dessa história simbólica de Caná é que Jesus inaugura um tempo novo da aliança de Deus conosco e essa aliança é gratuita, é dom. Dá-se a partir dos pobres e pequeninos das Galileias de ontem e de hoje. E é independente da lei e de qualquer instituição religiosa. Sei que muitos padres e pastores farão hoje uma interpretação desse evangelho muito pouco ecumênica, principalmente em relação ao Judaísmo. De fato, esse e outros textos do evangelho de João são muito críticos e polêmicos com o Judaísmo da época dos evangelhos (anos 80, 90 e 100 depois de Cristo). Podemos dizer que a crítica é não ao Judaísmo em si mesmo, mas a toda e qualquer religião que se absolutiza e se propõe a salvar o ser humano através de ritos e de templos. É Jesus que nos dá o vinho novo da aliança divina e dá de graça e abundantemente.