Queridos irmãos e irmãs,
"Recusa-te a cair. Se tiveres de cair, recusa-te a permanecer por terra. Se nem isso podes evitar, eleva teu coração ao céu e como um passarinho faminto encontra seu alimento no alto das árvores e nos mistérios do ar, é ao se elevar que teu ser mais profundo será saciado. Podes ser impedido de levantar-te, mas de elevar o coração ao mais alto, só tu podes impedir. Somente tu. É no mais íntimo do sofrimento que as coisas se fazem claras. Quem diz que dali nada de bom pode vir, ainda não sabe escutar e acolher o mistério da vida" (de um poema italiano).
Hoje, no Brasil, as Igrejas celebram a festa da ascensão de Jesus. Muita gente ainda entende isso no plano quase físico: Jesus subiu ao céu. De fato, é uma linguagem antiga, como quando dizemos que o sol nasce ali e se põe do outro lado e sabemos que de fato o sol não nasce nem se põe. É um movimento não do sol, mas da terra. O que os cristãos celebram hoje é que Deus assumiu Jesus em sua intimidade e onde passa a cabeça, vai o corpo. Como Jesus é a cabeça do corpo que somos nós, a partir desse mistério da ressurreição de Jesus, somos plenamente divinizados. Precisamos tirar disso as consequências mais profundas. De qualquer modo, é alegria e vitória.
Continuo em João Pessoa acompanhando esse momento de sofrimento das irmãs Maria Letícia (doente) e Agostinha. Uma coisa que me impressiona é a comunidade de pessoas que se sentem ligadas a elas e fazem parte dessa grande família. Como aqui a amizade se torna sacramento divino de amor e de cura. Nessa festa da Ascensão, faço memória especial de dois amigos:
1o - Leonardo Boff que hoje deu uma extraordinária entrevista na TV Senado sobre a Carta da Terra da qual ele é um dos redatores e divulgadores principais. Ele prepara a Rio 92+ 20 com um entusiasmo de amor que só podemos nos deixar contagiar.
O outro é o padre João Pubben, brasileiro que veio do país de Flandres (Bélgica) já há mais anos do que são os de vida de muitos brasileiros aqui nascidos. É lazarista de coração e de pertença a essa congregação que serve aos mais pobres. Não me perguntem sua idade. Tem a generosidade de um coração jovem e o ardor profético de uma criança que ousa esperar e preparar um mundo mais justo e igualitário. Dom Hélder Câmara, nos seus últimos tempos de vida, contou com o padre João como anjo da guarda e cuidador. É para nós todos uma imagem de alguém que nos estimula sempre a nos elevar acima dos problemas e sofrimentos cotidianos. Aleluia.