O evangelho lido hoje nas comunidades nos traz Jesus a caminho para Jerusalém, (ou seja, para a cruz) e os discípulos discutem no caminho (no caminho que a Igreja faz) quem é o maior e quem é mais importante. De um lado, a discussão revela o projeto do reino de Deus como Estado, como tomada do poder dos romanos. E é estranho que Jesus não negue isso claramente. Não os desiluda sobre isso. O livro de Reza Azlan que mostra Jesus como um revolucionário político (O Zelota) não é sem sentido. O que Jesus contesta é o critério com o qual os discípulos pensam o poder. Ali sim. Jesus subverte os critérios e princípios do mundo.
Os índios andinos têm uma palavra para dizer um mundo de cabeça para baixo. E esse é o projeto divino. É nesse sentido as bem-aventuranças e nesse sentido, Jesus acolhe e abraça uma criança, símbolo de um novo modo de viver e de pensar as relações humanas.