Domingo de ramos. Começo da semana santa. Nesse ano, coincide com esse dia, aniversário do martírio de Mons. Oscar Romero, arcebispo de El Salvador. Uma vez, o padre Comblin, meu mestre, coordenou um retiro de semana santa no mosteiro de Goiás e ele comparou o que aconteceu com Jesus ao que aconteceu com Romero. Ambos são mártires e deram a vida pela realização do projeto divino no mundo.
A semana santa tem ainda na Igreja um peso muito de culpabilização; Ainda se fala muito da morte de Jesus como sacrifício. É preciso superar essa visão de Deus como um pai que para reconciliar-se com o mundo precisava que seu filho morresse. E precisa de nosso sacrifício... Cremos em Deus amor e ternura que quer a vida e a alegria e não sacrifícios. Temos de reinterpretar a semana santa em uma chave de leitura martirial e não sacrificial.
O domingo de Ramos recorda a entrada de Jesus em Jerusalém. Que cena de esperança messiânica e de alegria. Penso em nossa América Latina e no momento que vivemos agora de um processo revolucionário (bolivariano). E me lembro do que Jesus disse aos fariseus e escribas: Se meus discípulos se calarem, até as pedras gritarão. Que a gente descubra nesses processos sociais e políticos, sinais de que o projeto divino vem ao mundo.