O Evangelho, lido hoje nas comunidades (Jo 14, 15 ss) continua o discurso de Jesus depois da ceia, já lido no domingo passado. No trecho lido hoje, Jesus promete aos discípulos o Espírito Santo. Diz que enviará um novo Consolador ou Advogado de defesa para não somente estar conosco, mas em nós. A vinda do Espírito Santo que celebraremos de forma especial em Pentecostes (daqui ha quinze dias), realiza todas as promessas de Deus na Bíblia. Não somente Deus nos salva e liberta, como nos garante sua presença no mais íntimo do nosso ser. Santo Agostinho dizia: ele é mais íntimo a mim do que eu mesmo.
Assim, ele nos garante sua paz, sua alegria, a capacidade de perdoar e de viver abertos aos outros. Tudo isso Jesus ressuscitado traz aos discípulos e através do dom do Espírito.
Os pais da Igreja do Oriente ensinam que essa presença do Espírito em nós se revela na progressiva divinização de nossas vidas. Hoje, eu acho que deveríamos mais falar de humanização plena e profunda do que divinização. Prefiro pensar que o Espírito nos faz mais humanos. E é na medida em que somos mais humanos que nos tornamos divinos.
Valorizar isso é respeitar e venerar esse trabalho divino nos outros. Se o clero fizesse isso, nunca daria normas para a vida dos outros, nem no plano moral, nem em nenhum outro plano. Todo cristão é adulto e responsável. Não precisa de mediadores entre ele ou ela e Deus.
Essa dimensão do Espírito em nós é vivida na interioridade. Infelizmente, as Igrejas cristãs têm desenvolvido pouco a dimensão da interioridade. As orações são muito exteriores e, em geral, os cultos têm pouco essa dimensão da mística e da interioridade. Esse é um dos pontos mais fundamentais da espiritualidade e que a Igreja deve redescobrir e revalorizar.
Hoje, devemos nos unir ao papa Francisco e ao patriarca Bartolomeu na sua visita ecumênica à terra de Jesus. Espero dessa visita um maior apoio à vida e a libertação do povo palestino. Jesus não está mais no sepulcro vazio. Está onde sofrem os pobres.