Esse quarto domingo da Páscoa é considerado nas Igrejas o domingo do Bom Pastor. O evangelho lido nas comunidades (João 10, 11- 18) é o mais tradicional lido nesse contexto. O texto se inspira na profecia de Ezequiel 34. Ali, Deus denuncia os falsos pastores (maus governantes do povo) e diz que ele próprio virá ser o pastor, isso é, o governante. Então, esse evangelho retoma na imagem do pastor o anúncio do reino de Deus. Na parábola do pastor e das ovelhas, Jesus diz que ele traz esse reinado divino para o mundo. E em primeiro lugar, na vida das pessoas que o seguem como pastor, como guia, como mestre. A parábola do pastor e das ovelhas é muito datada no mundo rural e mesmo na cultura rural um pastor dar a vida pelas ovelhas é no mínimo incoerente. Primeiro porque como ficariam as ovelhas sem o pastor e segundo porque fere o próprio sentido de ter as ovelhas. Para que? Só para ter o pelo?
No mundo antigo, pastor e ovelhas são parábolas usadas para a sociedade humana e aí sim o líder pode dar a vida pelo povo.
No mundo atual, se fala muito de liderança (coach). Mas, pessoalmente eu prefiro tomar a questão da psicologia atual que insiste que toda pessoa tem uma lei interna, uma regra central que rege sua vida, uma espécie de verdade interior a qual a pessoa obedece. A novidade no evangelho de hoje é que a gente é chamado a se transformar e a fazer do seguimento de Jesus a coluna vertebral da vida da gente. E aí sim Jesus se torna tão íntimo, tão interiorizado a nós que nós e ele formamos um só como ele forma um só com o Pai.