Queridos irmãos e irmãs,
As comunidades meditam hoje sobre o evangelho de João (1, 1- 15) que conta a cena comumente chamada de "multiplicação dos pães". Há seis desses relatos nos evangelhos o que mostra a importância dessa memória. Ninguém sabe bem historicamente o que ocorreu. Há quem diga que o verdadeiro sinal foi a distribuição dos pães e isso é sério porque é o grande problema do mundo de hoje. Nunca houve no mundo tanta comida e nunca a distribuição foi tão injusta. Mais de um bilhão de pessoas sofrem de insuficiência alimentar. Ao colocar esse relato antes do discurso de Jesus sobre ele como pão da vida, o quarto evangelho mostra que a base de tudo é a preocupação fundamental de que as pessoas tenham o que comer. E se trata de comida física e material. A partir daí, sim é preciso compreender que a gente não tem fome só de pão e sim de afeto, de cultura, de sentido para a vida e de amor no sentido mais profundo.
Martin Buber, o grande filósofo e místico judeu, dizia: "Se alguém te procura e te pede ajuda, nunca deves recomendar que aquela pessoa que está em necessidade tenha confiança e menos ainda deves dizer que ela espere em Deus. Ao contrário, deves agir como se Deus não existisse e no mundo inteiro só existisse alguém que pudesse ajudar aquela pessoa carente. Essa pessoa és tu" (Contos hassídicos).