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Meditação bíblica, domingo de Pentecostes, 08 de junho 2014

Cheguei ao templo da 1a Igreja presbiteriana de Vitória (IPU) às nove horas para o culto ecumênico. Muitos pastores/as e pessoas que já conhecia e muita gente nova, juventude da comunidade da IPU. Tinham me avisado pouco antes que eu deveria pregar, mas não tinham me dito qual o texto. Era o relato de Pentecostes (Atos 2). E eu propus a seguinte meditação:

"Que grande graça divina estar aqui e poder celebrar Pentecostes nessa assembleia ecumênica que é sacramento vivo da presença do Cristo não dividido e testemunha ao mundo de que Pentecostes é uma realidade atual. Como acontecimento, não ficou somente no passado. Aqui sintetizamos o Pentecostes judaico, até hoje, celebrado nas sinagogas, como festas das semanas, festa da colheita (do fruto maduro da Páscoa). Desde o primeiro testamento, as comunidades judaicas celebram em Pentecostes, o dom da lei e a aliança dada por Deus no Sinai. Aqui prolongamos a reunião dos discípulos e discípulas de Jesus inundados pelo Espírito que veio a eles como ventania e como línguas de fogo. A ventania para desarrumar nossa acomodação e o fogo para aquecer-nos do amor divino e nos tornar mais carinhosos e capazes de transformar a língua que divide (Babel) em linguagem que une ("e cada um os ouvia falar em sua própria língua").

Essa assembleia significa Pentecostes porque aqui, em termos de fé cristã, temos pessoas que, em termos de fé, falam línguas diferentes, (uns são católicos, outros presbiterianos, outros metodistas, outros anglicanos e ainda outros de outras confissões). No entanto, no dia a dia das Igrejas, não houve ainda Pentecostes. Continuamos divididos e cada Igreja celebra hoje a unidade, mas na divisão e nem se incomoda de estar na divisão. É uma pequena minoria que se preocupa com isso. Uma pequena minoria que tenta consolar com Jesus que chora e grita de dor com o que fizemos com a Igreja dele. A maioria não está nem aí para isso. Preocupa-se apenas com o seu poder hierárquico e em manter seus costumes como se viessem do próprio Jesus que nunca foi padre, nunca celebrou missa, nunca usou paramento e assim por diante...

Além disso, não chegou ainda nosso Pentecostes ou melhor nós não aceitamos ainda Pentecostes porque não nos preocupamos suficientemente de sermos entendidos pelo mundo de hoje. Falamos uma linguagem que só funciona entre nós e cada vez menos. E mesmo com a geração de nossos filhos e sobrinhos, como viver hoje o que os apóstolos viveram quando o texto dos Atos diz que cada um os entendia falar em sua própria língua. NO caso aí as vezes a gente fala a mesma língua e não fala a mesma linguagem. A gente mesmo falando a mesma língua se divide. Quantas vezes, eu digo uma coisa com uma intenção e um irmão ou amigo entende de outra forma. A mesma palavra e entretanto divide e não une.

É preciso nos comprometermos com a unidade e o ministério da comunicação amorosa que torne nossas palavras, palavras de amor, carinho e unidade. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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