O evangelho desse domingo é a parábola de Jesus sobre o pai que tem dois filhos e os manda trabalhar em sua lavoura (vinha). O primeiro disse sim, mas não foi. O segundo disse Não, mas depois foi. E Jesus perguntou aos fariseus: "quem de fato cumpriu a vontade do Pai, quem de fato obedeceu? E eles tiveram de responder: "o último". E Jesus conclui: pois é. Os pecadores e prostitutas chegarão antes de vocês no reino de Deus.
Nessa parábola, Mateus retoma a palavra de Jesus na montanha (7, 21) e, através desse exemplo, conta que o mais importante não é dizer que ama o Senhor, mas cumprir a sua vontade. Se o filho mais velho representa os fariseus e escribas que louvam ao Senhor corretamente e vivem dizendo “sim” a Deus, o filho mais novo representa os povos que não sabem responder com palavras corretas ao apelo do pai. Mas, acabam cumprindo a vontade dele.
Hoje, podemos recontar esta história vendo no filho mais velho a figura de qualquer pessoa ou comunidade religiosa que responde delicadamente ou docilmente ao apelo de Deus mas não o pratica.
É muito ecumênico o fato de que o Evangelho acentua que os dois filhos têm o mesmo pai e este dirige aos dois o mesmo apelo. O importante é que cada pessoa e grupo o escute em sua própria cultura e religião e obedeça. A obediência ao trabalho do reino é construir um mundo novo de justiça, paz e amor. Não é apenas seguir uma religião ou culto. É a prática da solidariedade.
Palavras de um mestre hindu:
“Para Deus o mais importante não é a pessoa que crê em alguma coisa. Quem faz a vontade do Pai Celeste é que está correto. Sobre esta base – ser correto e agir correto – o mundo inteiro pode-se unir”
(Swami Vivekananda, santo guru hindu do final do século XIX[1] )
[1] - Cf. MICHAEL AMALADOSS, Pela Estrada da Vida, São Paulo, Ed. Paulinas, 1996, p. 184.