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Meditação bíblica para o domingo, 06 de dezembro 2015

Nesse 2° domingo do Advento, me deixo tomar pelas palavras de esperança do profeta Baruc. Conforme a tradição judaica, é um profeta do exílio. Em pleno cativeiro, foi capaz de propor: "Jerusalém, levanta-te, olha para o oriente. Voltemos... Deus vai revelar o seu esplendor a toda criatura sob o céu". Será que essas palavras conseguem nos reanimar em meio a tantas notícias ruins e pessimistas? Se a profecia não consegue restituir ânimo, para que Advento?

O evangelho conta a vocação do profeta João. A Palavra veio a João no deserto - e no contexto social e político bem determinado. Ao citar sete nomes de governantes, Lucas mostra que valoriza muito o contexto no qual a profecia ocorre. Nós também recebemos a palavra para um contexto determinado.  Dom Romero dizia que esses sermões de Igreja que tanto poderiam ser ditos aqui como no planeta Marte não têm nada de palavra de Deus. E são a maioria, hoje em dia. Por outro lado, como compreender o apelo à conversão? O termo grego metanoia significa mudança de rumo na vida, mas, para isso é fundamental uma mudança de mente, mentalidade. Se essa transformação interior não ocorre, a mudança de atitudes acaba sendo superficial.

João anuncia a conversão através de um rito: o batismo, mergulho em uma vida nova. E contraditoriamente sua pregação se dá no deserto. É estranho essa junção de água do batismo e deserto. O deserto é uma categoria teológica, mas do que geográfica. É o deserto do Êxodo da escravidão para a terra prometida, é o deserto no sentido da solidão das pessoas que encarnam a palavra divina. Nós também temos de assumir o deserto em nossas vidas.

E no deserto, Deus promete uma transformação imensa para possibilitar o novo caminho do povo de Deus. Na primeira leitura Baruc diz que "Deus vai aplainar as montanhas e vai preencher os vales..." É ele que fará isso. Não somos nós capazes de fazer. Mas, temos de crer e de apostar nisso.

Quero celebrar essa esperança com relação à realidade brasileira e do mundo. E sei que é o único modo de vivermos um Natal novo e atual. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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