Nesse segundo domingo do Advento, as Igrejas que seguem o legionário litúrgico começam a proclamação do evangelho de Marcos - Mc 1, 1- 8. É o único dos quatro textos que chamamos de "evangelho" que tem ele mesmo esse título. Os outros não se chamam assim. Ao fazer isso, a comunidade que se colocou sob o nome de Marcos provoca uma subversão em relação à cultura romana. Gert Theissen diz que o evangelho de Marcos é na verdade um contra-evangelho que se opõe aos evangelhos conhecidos na época dos imperadores flavianos. E esse evangelho diz respeito a Jesus, filho de Deus e ao seu projeto de vida: o reino de Deus, o programa que Deus tem para o mundo.
De acordo com o evangelho, esse evangelho tem um começo. E esse começo é a profecia de João Batista no deserto. É muito importante perceber que o evangelho do anúncio do reino começa por uma profecia e essa se passa no deserto. O deserto é o lugar do enfrentamento com as dificuldades do caminho. A profecia é sempre assim: surge em lugar e momento de muitas dificuldades.
De um lado, diante desses problemas, o profeta recorda o Êxodo. Retoma a profecia de Isaias e Malaquias que dizem que o próprio Deus vai guiar o seu povo pelo deserto (para a terra prometida). As profecias que na época o povo interpretava como se referindo ao fim da história, o evangelho as interpreta trazendo para dentro da história. É outra subversão: É a própria história com sua dimensão social e política que serve de sinal do reino divino.