Nesse domingo (19° do ano comum), o evangelho continua um texto a mais do capítulo 6 de João (6, 41- 51). "Eu sou o pão da vida". O que dizer sobre isso? Tenho a impressão de que essa discussão teológica posta na boca de Jesus era a forma da comunidade joanina reagir a uma sacramentalização meio mecânica que havia surgido já nas Igrejas primitivas. A eucaristia parecia ser não mais um sacramento, um sinal e sim a própria realidade. E Jesus diz: o pão da vida sou eu. A minha pessoa, a minha prática de vida. A pessoa tem de digerir a minha proposta de vida para viver para sempre...
Diante disso, me sinto muito pobre. Adoro celebrar a eucaristia, embora às vezes me sinta mal com certas celebrações que acho totalmente estranhas ao modo de Jesus ser: rituais, formalistas, hierarquizadas demais... quase mais um ritual de poder de bispos e padres do que da comunhão de Jesus. Eu mesmo já tive de pedir perdão a Jesus por ter feito celebrações que não deixavam claro se a gente estava celebrando a Jesus ou era a nós mesmos.... Narcisismo espiritual...
Para mim, a eucaristia é assim como a palavra de Deus, assim como a comunhão da comunidade ( os três elementos igualmente) formam esse alimento da caminhada que Deus deu ao profeta Elias e na força do qual ele caminhou como profeta mais 40 dias e 40 noites até Horeb, o monte de Deus.... o monte da aliança. (é a primeira leitura da missa de hoje).
E eu gostaria tanto, tanto de retomar essa força da eucaristia para além da rotina, do costume, do convencionalismo litúrgico e obedecer a Jesus fazendo da celebração uma profecia do mundo novo e uma antecipação de um mundo de partilha. Mas, como fazer isso em uma Igreja que não quer isso e nem permite que se faça? Quer apenas que se cumpra o ritual e se retome uma teologia sacrificial criada no século XIII e que hoje chega a falar mal de Deus e não testemunha a doação de Jesus a nós...