Com a celebração desse domingo, entramos na Semana Santa, a semana que nos dá acesso às celebrações pascais, centro e ponto culminante de nossa fé. Na bênção de ramos, é lido um trecho do evangelho que lembra a entrada de Jesus em Jerusalém para celebrar a Páscoa (Mt 21, 1 - 11). Dois discípulos vão dizer a um determinado homem que o mestre precisa do burrinho dele para entrar em Jerusalém e celebrar a Páscoa. De acordo com os evangelhos, Jesus quis entrar em Jerusalém e dar um sinal ao povo de que se cumpriam profecias messiânicas de libertação para Jerusalém (Cf. Zc 9). É provável que, historicamente, essa entrada de Jesus em Jerusalém tenha se dado por ocasião da festa das Tendas que lembra o tempo de Israel no deserto a caminho da libertação. Até hoje, para recordar o tempo do deserto, durante oito dias, as famílias judaicas armam tendas cobertas de palmeiras no terreno de casa e dormem ali. Daí a tradição de ramos e folhas de palmeira. Ao recordar hoje, essa entrada de Jesus em Jerusalém, penso no mundo atual. Como até hoje, a humanidade espera sua libertação, como nossos povos precisam de esperança social e política e como a atual estrutura da sociedade não dá esperança a ninguém. Como os partidos se esvaziaram, como os candidatos às eleições revelam apenas projetos eleitoreiros e não projetos para o país. E os coronelismos continuam de direita ou de pretensa esquerda populista. E não há nada de novo debaixo do sol, a não ser a perspectiva de fazermos uma boa campanha e colhermos assinaturas suficientes para fazermos um referendo sobre uma constituinte soberana, autônoma e que possa fazer a reforma política de que precisamos.
Nada disso virá de Deus. Tem de vir do povo. Mas, Deus nos dará força para lutar por isso e podemos sim nos inspirar no projeto de paz e justiça que ele tem para o mundo. É Páscoa.