Nesse domingo, o texto do evangelho lido nas comunidades (Lc 9, 18- 24) mostra Jesus fazendo com os discípulos uma avaliação e a primeira questão diz respeito ao que pensam sobre ele ou como o vêem. Essa pergunta ressoa até hoje e exige de cada um/uma de nós, cristãos, uma resposta: "Para você quem é Jesus ou mais ainda o que ele significa em sua vida?". A resposta teórica não é difícil, embora possa ter significados diversos de acordo com o tempo e o contexto. Segundo o evangelho, Pedro respondeu: "Você é o Cristo, isso é, o consagrado por Deus". Hoje, no mundo pluralista em que vivemos, reconhecemos muitas pessoas consagradas e ungidas (Cristos) de Deus. Podemos dizer que Buda, Maomé, gurus religiosos/as de várias tradições podem receber esse título. Jesus nunca se pretendeu ser exclusivo ou excluir outros. Mesmo quando, conforme o evangelho de João, ele diz: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim", o que ele queria dizer era outra coisa. Estava se contrapondo aos pastores (governantes e líderes) do povo judeu da época e não aos líderes religiosos do mundo. Ao contrário, para mim, Jesus é o ungido de Deus (o consagrado) para me ajudar a valorizar e ver a presença divina nos outros. É esse amor e essa abertura ao Espírito que atua em todos que ele me dá como o Cristo que ele é. E é isso o que ele quer dizer ao responder a Pedro a forma como ele é Cristo: assumindo o caminho da cruz, isso é, a doação de sua vida e a renúncia a si mesmo para mostrar o divino no outro.
Nesses dias, tenho avançado na leitura do livro sobre o teólogo luterano Dietrich Bonhoeffer, martirizado pelo nazismo na Alemanha. Estou justamente lendo a parte na qual ele noivo e pastor se dá conta de que sua fé o leva a arriscar a vida e se colocar contra o regime nazista a um ponto tal que chega a participar de um complô para matar Hitler. Isso ao mesmo tempo que finaliza um livro teológico sobre a Ética para os cristãos. Impressionante a coerência corajosa dele. Noivo e jovem, sabe que será preso e condenado e assume esse caminho, não por amar menos a vida ou por não ter medo, mas por fidelidade ao testemunho do evangelho de Jesus. Que Deus nos dê essa mesma fidelidade no dia a dia da nossa vida.