Nesse terceiro domingo do tempo comum, a primeira leitura do livro de Jonas cria muitos problemas porque apresenta uma imagem de Deus que quer se vingar do povo porque esse é pecador e manda o profeta pregar a conversão a Nínive. E como a cidade se arrepende, Deus muda o seu plano. Não destrói a cidade e é o profeta Jonas que entra em crise porque tinha anunciado "Nínive vai ser destruída" (por Deus) e ela não foi. Como é importante a gente compreender que essa imagem de Deus, explicitada nessa leitura não é a imagem de Deus que devemos apresentar hoje. Deus é amor. Não castiga ninguém e nunca obrigaria um povo inteiro a segui-lo, se não, ele o destruiria. Além de não ser histórico como fato (a cidade de Nínive na Assíria nunca se converteu ao Judaísmo), é preciso mudar essa imagem de Deus.
O Evangelho (Marcos 1, 14 - 20) contém também uma pregação de outro profeta que pede conversão ao povo. Esse profeta é Jesus que entra em atividade de profeta depois da prisão do profeta João Batista, o seu mestre. A diferença de Jonas é que Jesus não ameaça ninguém. Pede sim conversão (mudança de vida, em grego: metanoia, transformação da mente interior), mas porque o reinado divino está chegando. E ele diz que para a gente aderir a esse programa divino para o mundo, para a gente aproveitar dele, vivê-lo na alegria e na felicidade, é preciso mudar de mentalidade e de vida. É para isso que ele chama os discípulos, para ser com ele testemunhas e servidores do projeto divino para o mundo.
Acho importantíssimo hoje retomarmos na nossa vida, no nosso modo de viver a fé essa mística do reino, essa confiança de que, apesar de todos os pesares e de todas as lutas da vida, o projeto divino acontece e nós temos de mostrá-lo chegando e dando os seus primeiros sinais de irrupção no mundo.