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Meditação bíblica para o domingo, 29 de março 2015

Aqui em Túnis, onde estou, o encerramento do Fórum Social Mundial se expressa através de duas marchas, uma das mulheres de todo mundo pelo reconhecimento de todos os seus direitos e outra de todos os participantes do Fórum em solidariedade ao povo palestino e contra a ocupação do Estado de Israel. Penso nessas marchas e me lembro de que, a partir de hoje e durante todo o dia de amanhã, a celebração eucarística se abre por uma procissão de ramos. Aparentemente, uma coisa nada tem a ver com a outra e, na realidade atual da Igreja, não tem mesmo. Mas, deveria ter. A procissão de ramos começa pela leitura do evangelho que retrata a entrada de Jesus em Jerusalém. Ele entrou, escoltado pelo povo simples dos peregrinos que tinham vindo com ele da Galileia e de outros lugares. Segundo os evangelhos (hoje é lido Marcos 11, 1- 10), o povo o aclamava como messias libertador. Por trás da narração do evangelho, parece que há um clima de festa das Tendas, o povo com ramos nas mãos, recitação do salmo 118, etc. 

Justamente, a festa das tendas era a celebração anual que lembrava a marcha dos hebreus pelo deserto (para se libertar) e lembrava isso para pedir a Deus a libertação total e definitiva. Então, a memória dessa festa tem sim a ver com o que hoje tanta gente do mundo todo faz em suas marchas por um novo mundo possível.

No caso nosso, dos cristãos, seria importante que a gente conseguisse unir mais a fé com o compromisso social pela mudança do mundo. Quanto mais estudo a Bíblia e medito os evangelhos, mais estou de acordo com autores como Reza Salam, o iraniano que escreveu sua tese para mostrar que Jesus foi mesmo um ativista político que queria mudar o mundo e estabelecer aqui e agora o que os evangelhos chamam de "reino de Deus", o programa que Deus tem para o mundo. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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