Nesse domingo, celebrarei a ceia do Senhor em uma paróquia católica de língua francesa em um bairro de Berna. É o primeiro domingo do Advento, começo do novo ano litúrgico e como sempre o ano começa nos recordando o que a Bíblia chama de "dia do Senhor", ou seja, a esperança que nós temos para o futuro do mundo e do ser humano. O evangelho de Lucas que começamos a ouvir nesse ano C, nesse domingo nos traz o discurso de Jesus sobre o que, popularmente, as pessoas costumaram chamar de "fim do mundo" que é bem mais o anúncio do fim de um mundo e o começo de outro.
De fato, a linguagem apocalíptica desse discurso de Jesus (Lucas 21) parece mais ameaça do que boa notícia (evangelho). Mas, é ameaça para quem vive bem nesse sistema de mundo que está caducando. Para quem adere ao programa divino, o fim de tudo isso é uma boa notícia. O evangelho diz: "Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem a cabeça e se alegrem, porque a libertação de vocês está próxima".
De fato, atualmente não é apenas um tipo de sociedade que está em crise. É mesmo a vida no planeta que está ameaçada. Não por Deus ou algum desejo dele e sim pela ambição humana que põe em risco o próprio sistema da vida no planeta. A Conferência da ONU sobre as mudanças climáticas que, a partir de hoje, acontecem em Paris, está sendo acompanhada com interesse e atenção por toda a sociedade civil internacional. Nesse Advento, uma forma particular de preparar a vinda do Senhor em nossas vidas é testemunhar a vinda dele na natureza, na terra, na água e em todos os seres vivos e procurar salvar essa terra, a casa comum que ele nos deu de presente para que dela cuidemos.