Acabo de celebrar com as irmãs mexicanas a Ceia do Senhor nessa noite em que começamos o tríduo pascal, isso é, a festa da Páscoa. Hoje, é a memória da instituição da eucaristia.
Pela manhã, recebi de um grupo indígena do Equador a homilia que Mons Leónidas Proaño, então bispo de Riobamba, fez na quinta-feira santa de 1980 e na qual ele contava que estava chegando de El Salvador onde havia participado do sepultamento de Monsenhor Oscar Romero que foi assassinado no dia 24 de março. Hoje se completam 36 anos. E Mons. Leonidas contava o horror que havia acontecido na missa do sepultamento, quando na praça da Catedral quatro bombas explodem nas esquinas e o povo entra em pânico e muita gente morreu. Até porque atiradores atiravam de edifícios vizinhos contra o povo. Assim como a missa de Dom Oscar Romero foi interrompida por uma bala (ele morreu na hora do ofertório), também a missa do seu sepultamento não passou da homilia por causa dos atentados e de um verdadeiro massacre que o povo sofreu. Essas missas interrompidas me lembram que toda missa, mesmo as que hoje celebramos, são de certa forma interrompidas ou incompletas para que nós as completamos pela eucaristia não sacramental e sim da vida doada, da partilha e da luta para transformar o mundo...