No Brasil, as comunidades católicas passam para esse domingo, a festa litúrgica de São Pedro e São Paulo, que em outros países, é celebrada no dia de hoje (29) e que toma uma importância maior na Igreja Católica pela tradição que liga São Pedro como primeiro bispo de Roma e o papa como sucessor de Pedro. Mesmo se essa tradição não é histórica, ela é antiga e hoje todas as Igrejas antigas (orientais e evangélicas mais antigas) reconhecem que o bispo de Roma tem uma função especial de articulador da unidade de todas as Igrejas e nesse sentido tem uma autoridade moral que em uma linha evangélica de irmão que confirma os outros irmãos na fé todos reconhecem. Nesse sentido, foi muito bom que o papa Francisco, no primeiro momento de sua apresentação ao povo, na tarde em que foi eleito, se apresentou não como papa e sim como bispo de Roma. E em várias ocasiões, tem repetido isso. Deus o ilumine para assumir cada vez mais esse ministério de bispo de Roma e respeitar a autonomia das Igrejas locais, ajudando-as a serem unidas e, em sua diversidade, assumirem a universalidade da fé.
O evangelho dessa festa repete a conversa que Jesus teve com os discípulos para avaliar sua missão (Mt 16, 13 ss). Depois de perguntar o que o povo dizia dele, pergunta aos discípulos a pergunta que vale para cada um de nós: E vocês, quem sou eu para vocês? Pedro responde em nome de todos e sua resposta é a confissão de fé: Tu és o filho, o enviado de Deus. Diante disso, Jesus diz a Pedro que ele afirmou isso por ter recebido essa revelação de Deus e muda o seu nome de Simão (chamado) para Pedro. Kefas era um tipo de pedra mole daquela região que o povo mais pobre escavava para fazer buracos ou grutas onde se abrigava. Então quando Jesus chama Pedro desse tipo de pedra, está dizendo que Pedro deve ser como esses abrigos de proteção para os mais pobres. Muitos padres pregam que a pedra é símbolo de firmeza. E é, Mas, a pedra ou o rochedo de nossa fé é Deus. Ele é a rocha de nossa salvação (Salmo 95). Pedro é a kephas, a pedra que se pode cavar para que os pobres se abriguem. Que a Igreja hoje reencontre essa vocação da misericórdia e da inclusão social e política.