O perfume do amor
"Seis dias antes da Páscoa..." Assim começa o texto do evangelho lido nas Igrejas, nessa segunda feira da semana santa (Jo 12, 1 - 11). Gosto muito dessa cena de Maria de Betânia (o termo significa "casa dos pobres") ungindo Jesus com perfume e perfumando toda a casa. É como se o relato da Páscoa começasse por um gesto gratuito de amor (o texto de João não fala em pecadora e nem por que ela fez isso. Fez). E Jesus aceita com alegria e mostra que esse gesto é uma profecia da sua ressurreição. Como quando ele morrer, ela não poderá ungir o corpo porque quando chegar ao túmulo, o encontrará vazio, ela unge o corpo vivo preparando-o, disse Jesus, para a sepultura. Judas propõe que não se desperdice aquele perfume, mas o venda para distribuir o dinheiro aos pobres (o evangelho disse que ele era ladrão e roubava da caixa comum). Mas, a palavra de Jesus é que os pobres sempre tereis entre vós - primeiramente porque os discípulos devem ser inseridos e os pobres fazem parte da nossa vida e depois o temos entre nós para poder ajudá-los e servi-los (disse a versão de Marcos). Essa palavra tirada do livro do Deuteronômio é uma lei de serviço aos pobres e como dimensão da Páscoa. Não exclui nem diminui a dimensão amorosa de uma relação representada por essa unção de Betânia. Hoje, a teologia da libertação une essas duas dimensões: o cuidado com os empobrecidos e a expressão amorosa da fé pessoal e da piedade.