A paixão
Estou me preparando para celebrar com uma comunidade leiga a memória da morte de Jesus, celebrada nesse dia. Faremos em uma sala, de uma forma muito simples. Alguém propôs de vermos em DVD a paixão de Jesus do filme "O evangelho segundo Mateus" de Pasolini que, apesar de ter sido feito em 1966 mantém uma forte atualidade. Refletir sobre a paixão exige de nós nos despojar de toda uma teologia que aprendemos no passado que atribuía a paixão um caráter sacrificial e expiatório que fazia de Deus um senhor violento que precisava da morte do seu próprio filho para se reconciliar com a humanidade. Recordando tantos mártires latino-americanos, alguns dos quais conheci de perto, contemplo Jesus como testemunha da justiça, mártir do reino e releio sua paixão como um ato de amor sim que ele deu apesar de ter sido assassinado pelo poder político e religioso de sua época. E ao relembrar a paixão, já contemplo a ação divina que o ressuscitou. Quero sair dessa celebração mais disponível para me doar mais aos outros e viver essa vida nova da ressurreição na partilha de mim mesmo aos irmãos e irmãs.