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Meditação para o 1 de janeiro

A Palavra Divina se faz carne em nossas coletividades

              Neste dia 1 de janeiro, desperto nesta manhã e entro em comunhão com cada um/uma de vocês que leem estes meus comentários do evangelho e, de alguma forma, me seguem pelas redes. Além de abraçar a cada um/uma e lhe desejar força e luz para tornarmos feliz este ano novo, confirmo que me sinto corresponsável por vocês e neste ano me empenharei para, na medida em que a vida me permitir, estar junto com vocês neste caminho da comunhão e do empenho por transformar este mundo. 

Neste primeiro dia do ano, as Igrejas antigas celebram o oitavo dia da festa do Natal quando a tradição recorda a circuncisão, rito no qual, com oito dias de nascido, o menino recebe oficialmente o nome de Jesus. A partir de uma tradição antiga, a Igreja Católica dedica este dia a Maria, mãe de Jesus e os últimos papas consagram o 1º de janeiro como “dia mundial da paz”, assim como a ONU fala em “dia da irmandade universal”. 

De acordo com o lecionário ecumênico, o evangelho lido nas comunidades é Lucas 2, 16- 21. É praticamente o mesmo evangelho lido nas celebrações da aurora e da manhã do dia 25 tenho apenas acrescentado o verso 21: “Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo, antes de ser concebido”.

Em nossos dias, vemos a circuncisão como rito de culturas patriarcais e as culturas que ainda praticam a chamada circuncisão das meninas uma crueldade ainda mais violenta contra a mulher e o seu corpo. No entanto, se formos ao sentido original do rito praticado com os meninos machos recém-nascidos, ele nos revela que, desde muito crianças,  somos tocados no que há de mais íntimo de nós mesmos, a identidade sexual para que nossa sexualidade entre em sintonia com o mais profundo do nosso projeto de vida  e este se expresse na Aliança com Deus que é Amor e fonte de unidade das nossas coletividades (povos, raças, culturas, irmandade humana). 

Ao dizer que aos oito dias de nascido, Jesus foi circuncidado, o Evangelho mostra que ele se inseriu plenamente na cultura do seu povo. Ao inserir-se na cultura coletiva e pertencer ao povo judeu, ele assume seus valores e também suas limitações e lacunas. E é neste processo de inserção cultural e histórica que recebe o nome de Jesus. Ieoshuá significa “Deus é Salvação”. Hoje podemos traduzir o nome de Jesus como “Deus Amor é Libertação e Bem-viver”. E a própria vida de Jesus tornou sempre verdadeiro o nome que lhe foi dado como missão. 

Hoje vivemos em um mundo no qual muita gente que diz ter fé testemunha um Deus patriarcal, violento, cruel e exclusivista, ou seja, amigos dos que lhe obedecem e inimigo dos que não seguem a lei que Ele, Deus teria imposto. Cada vez mais é preciso, seja em que religião nos situarmos, deixar claro que se cremos em Deus só pode ser um Deus que só possa amar e se é Deus nunca possa ser fonte de ódio, intolerância e exclusivismo. O irmão Roger Schutz dizia: Deus só pode amar. De acordo com o evangelho, essa foi a missão de Jesus. Testemunhar isso seja a nossa missão neste ano novo.   

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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