O Evangelho que as comunidades escutam neste domingo (Mt 23, 1 - 12) é o começo do último discurso de Jesus no evangelho de Mateus. Ele começa chamando a atenção dos discípulos e do povo sobre a incoerência e falsidade dos religiosos de seu tempo, os fariseus e mestres da lei, quer dizer, professores da Bíblia. Leio isso hoje com certo medo e mal estar. Primeiramente porque me sinto eu mesmo meio incoerente e ainda bastante frágil nesse ponto. É tão difícil alcançar essa unidade total entre o que a gente diz e o que a gente faz e vive. É sempre bom ter essa interpelação interior no coração. Hoje me lembro de uma palavra que a ministra Marina Silva sempre me dizia: "Marcelo, todo mundo quer fazer ecologia: na terra dos outros". É preciso a gente fazer o que Gandhi propunha: "comece por você mesmo/a a mudança que propõe para o mundo", A única saída que encontro é conviver com minhas contradições, não escondê-las e tentar me colocar principalmente a serviço, a serviço dos outros e da causa na qual sinceramente acredito. Aí a gente vai se sentindo juntos no caminho da conversão e de uma unificação interior.