A Igreja Católica faz hoje memória de São João da Cruz, monge carmelita espanhol que no século XVI foi um grande espiritual e empreendeu com Tereza de Ávila a reforma do Carmelo. Como propunha coisas muito novas, foi incompreendido pelos próprios irmãos de ordem e chegou a ser preso no porão do convento carmelita de Toledo. Na prisão, ele compôs o belo Cântico Espiritual, comentário ao livro bíblico do Cântico dos Cânticos. Nesses dias de preparação ao Natal, recorro a uma palavra dele no seu comentário. Ele diz assim:
“Por que chega a tanto a ternura e verdade do amor
com que o Pai presenteia e engrandece
a esta humilde e amorosa alma,
ó coisa maravilhosa e digna de admiração,
Ele se sujeita a ela verdadeiramente para engrandecê-la,
como se, verdadeiramente, fosse ele, Deus, o seu servo
e ela, a alma humana fosse o seu senhor.
E está tão solícito em presenteá-la,
como se ele fosse seu escravo e ela fosse seu Deus.
Tão profunda é a humildade e a doçura de Deus”
(Juan de la Cruz, Cântico Espiritual, c. 27, n. 1).