Desde séculos antigos, Igrejas ortodoxas e a Igreja latina celebram neste dia uma festa em honra da Santa Cruz. Conforme a tradição, nesta data, no século IV, a mãe do imperador Constantino encontrou em Jerusalém a madeira da cruz na qual Jesus foi crucificado. E a partir daí essa relíquia passou a ser venerada e se começou a celebrar essa festa. Hoje isso levanta duas questões: a primeira é sobre a época de Constantino. Essa romanização do Cristianismo trouxe tantos problemas. E tornou a fé cristã uma religião civil que cada vez mais se afastou do evangelho de Jesus. Outro problema também teológico é que sentido dar à cruz de Jesus e à sua doação na morte. Não queremos mais basear a fé em uma visão sacrificial que contém uma imagem de um Deus que precisava da morte do seu filho para nos salvar. Continuamos valorizando sim a doação da vida de Jesus na cruz e o amor que transforma o mundo. Nossa opção na vida é o serviço e a convicção de que o seguimento de Jesus se dá no serviço pobre, não violento e gratuito. É nesse sentido que interpreto a palavra de Paulo que é um dos textos lidos pela Igreja no dia de hoje: “A cruz de Jesus Cristo seja a nossa glória. Nele está a vida e a a ressurreição. Foi ele quem nos salvou e libertou” (carta aos gálatas,6, 14).