Nosso Estado laico e republicano tem raízes culturais na tradição judaico-cristã. Por isso, cabe ir lá atrás e lembrar o capítulo 20 do livro do Êxodo, livro bíblico escrito em várias fases, mas muitos séculos antes de Cristo. Ali em nome de Deus e atribuído a Deus, a sociedade consagra regras de conduta ética, um código de princípios. A lei não consegue criar consciência nova, nem pode salvar a república. Pode, entretanto, inibir as transgressões e permitir que uma nova educação ajude a criar motivações novas e profundas para um comportamento ético novo e melhor por parte de toda a sociedade, principalmente das pessoas que atuam na política e que deveriam ser justamente os servidores dos bens comuns, ou seja da república, a coisa comum a todos. Hoje os chamados "dez mandamentos" merecem outra formulação que mostre que o tu do Êxodo: não matarás, não roubarás, etc, é um tu coletivo. É dirigido a todo o povo de Israel como um grande tu. A Igreja colocou os mandamentos no Catecismo de forma impessoal: Amar, não roubar, etc... É preciso retomar o diálogo social e político e dar ao nosso país um rosto preciso dos pobres.