Hoje pela manhã, orei e meditei o salmo 40. Gosto desse salmo. Ele começa dizendo: "Com imensa esperança, esperei pelo Senhor. Ele se inclinou para mim e ouviu meu grito. Fez-me subir de uma fossa fatal e colocou meus pés sobre a rocha". Uma vez, vi um quadro que retratava Deus como uma mãe inclinada sobre o seu filho que tinha caído em um buraco. Ela se dobrou sobre si mesma quase caindo também para conseguir dar a mão a ele e o fazer subir. Era um quadro inspirado nesse versículo do salmo. E os salmos chamam Deus de rocha ou rochedo de Israel: aquele no qual a gente pode pisar com segurança. Para quem vivia escravo nos pântanos da Babilônia, apresentar Deus como uma rocha firme é uma segurança. O salmo continua dizendo: "O seu amor maternal firmou meus passos e pôs em minha boca um cântico novo". É claro que nessas imagens de Deus há ainda uma visão de criança dependente e de um deus providencialista que toma conta da gente. Eu gosto dessas imagens, mas não as tomo ao pé da letra. Sei que no dia a dia da vida, somos nós que devemos correr o risco da história e viver como dizia o teólogo e pastor luterano Bonhoeffer: "Viver com Deus, como se Deus não existisse". Esse é o projeto dele: que sejamos autônomos e vivamos por nós mesmos. Mas, é bom sentir que nessa autonomia, há uma presença e inspiração íntima que me anima e fortalece. O salmo diz que ele coloca na minha boca um cântico novo de vitória. E este cântico é o seu louvor. Antes, a Bíblia sugeria sacrifícios de animais. Depois do cativeiro da Babilônia (século VI antes de nossa era) o povo já não tem mais templo e o salmo diz que Deus não quer sacrifícios e sim que se abram nossos ouvidos para escutar sua palavra e viver a intimidade do seu amor.