Ontem, aqui em Bruxelas, participei de um encontro de oração diferente. Um grupo de homens e mulheres (leigos e sem muita relação com Igrejas) se encontram na casa de um deles, uma vez por semana, dialogam e cantam hinos compostos a partir de uma espiritualidade ecológica e natural, mas sem referência direta a Deus. São cânticos de tipo meditativo e de acolhida da vida, da paz e do amor na nossa vida. Como tudo era em flamengo, eu só compreendi o que me traduziram, mas, mesmo sem compreender o conteúdo intelectual, entrei no clima contemplativo e afetuoso do encontro. Lembrei-me de alguns salmos que eu retraduzi da Bíblia neste estilo mais laico e menos religioso. O fato de não falar em Deus não me cria problema. Ao contrário, penso que as Igrejas usaram com facilidade demais o nome de Deus e este diz expressamente na Bíblia: Não use meu nome. Não o pronuncie. O catecismo nos ensinou que não se deve usar o seu nome em vão, mas na Bíblia não tem esta particularidade. Não diz "em vão". Diz simplesmente: Não pronuncies o nome. Porque é mistério e nos supera, nenhum nome o define, mas penso que há uma razão ainda maior: Pedro Casaldáliga diz: "Quando nós falamos justiça e paz, estamos falando Deus, mas infelizmente, nem todos que falam Deus, falam em justiça e paz". Por isso, é melhor falar em justica e paz do que em Deus, Ele está como mistério presente em nós.