Às vezes, encontro pessoas que me dizem: “Não sei rezar”. Uma vez ou outra, quase naturalmente, me senti respondendo: “eu também”. De fato, Paulo diz que ninguém de nós sabe orar de forma boa e conveniente. É o próprio Espírito que ora em nós com gemidos inexprimíveis (Cf. carta aos romanos cap.8). Santo Agostinho dizia que o desejo de orar já é orar. Muitas vezes, me sinto pobre nesse sentido. Não sou muito capaz de grandes contemplações, nem menos ainda de experiências sensíveis espirituais, mas creio que vivo na presença dele e isso me basta. Uma vez ou outra nem essa presença posso dizer que sinto. Apenas creio e não sem alguma dúvida. Mas, a dúvida não se opõe à fé. O que se opõe à fé é a indiferença, a frieza. A dúvida faz parte do caminho, da busca. Para mim, como monge, aprendi que não tenho grande capacidade de contemplação, nem de quietude (sou por temperamento muito agitado), mas me deixo então, cada dia, possuir pela palavra da Escritura. Como dizia o filósofo e espiritual Levinas, cada versículo da Bíblia me diz: devora-me, mastiga-me, alimenta-te de mim. E eu procuro fazer isso e aí sim me sinto penetrado pela palavra dele. Devo também dizer que muitas vezes meu contato e amor às comunidades cristãs populares me ajudou a me colocar no caminho da oração. Os pequeninos de Deus, preferidos do seu amor, me fazem sentir que o Espírito ora em nós a sua oração.