A celebração nesta quinta-feira da festa das águas de Oxalá no Candomblé da Bahia me faz pensar na passagem do evangelho no qual Jesus se senta com sede à beira do poço de Jacó em Sicar na Samaria (evangelho de João cap. 4). Tem sede, está à beira de um poço, mas o poço é fundo e ele não tem como tirar água. Para o evangelho, é um convite para assumirmos nosso desejo mais profundo, nossa sede mais intensa (de que temos sede na vida, qual o nosso desejo maior?). O texto nos diz que uma mulher da região vem e ela tem um jarro, uma bilha, sei lá, algo para tirar água. Jesus lhe pede: dá-me de beber! Ela estranha. Além dele ser homem e normalmente, naquela sociedade, um homem não pediria água a uma mulher (é um modo de reconhecer que precisa dela), além disso, ele é judeu e ela uma samaritana considerada promíscua e supersticiosa (assim os judeus vêem os samaritanos). A conversa é desencontrada. Jesus acaba lhe dizendo: “Quem bebe dessa água terá sede de novo. Quem beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede”. E aí é ela, a mulher, que pede: Senhor, dá me dessa água. Penso que hoje somos todos nós que podemos dizer: dá-nos desta água viva, capaz de saciar nossos desejos e nos fortalecer nesse deserto da vida. Se puder, abra comigo o evangelho de João, cap. 4, releia o texto e se situe dentro dele e aplique-o à sua vida.