Desde antigamente a Igreja latina costuma celebrar nesses oito dias antes do natal um tempo correspondente ao que é para a Páscoa, a semana santa. Essa semana santa do Natal é marcada por vários cânticos e antífonas especiais, principalmente as chamadas "antífonas maiores" ou antífonas Ó porque são sete invocações, todas iniciando pela intercessão Ó e sempre dirigidas ao Cristo que vem. Ó Sabedoria, ó Adonai, ó raiz de Jessé, ó chave de Davi, ó sol do oriente, ó rei das nações, ó Emanuel. Cada dia, uma antífona e sempre começando por este ó que traduz o desejo e a expectativa que a liturgia vem alimentar nesses dias. Pensando em dar a novena de Natal uma expressão mais profunda e unindo-a a essa tradição latina, Reginaldo Veloso acrescentou mais dois dias aos sete iniciais e fez a novena com nove intercessões, acrescentando: Ó mistério, ó libertação. E ainda enriqueceu-as todas com um refrão que volta cada dia: "Vem, ó filho de Maria, o amanhã já se anuncia, quanta sede, quanta espera, quando chega, quando chega aquele dia".
Hoje, trabalhando para repensar a fé cristã a partir de uma perspectiva mais pluralista e mais em diálogo com outras religiões e tradições religiosas, eu revejo a letra de algumas dessas invocações. Embora como cristão, acredite que Jesus é mesmo a libertação, o sol do oriente e o Emanuel (a manifestação da presença de Deus conosco) descubro sempre no evangelho como ele é isso sempre nos revelando e mostrando o amor do Pai, seu e nosso Deus. Penso que essa referência a Deus, o pai de Jesus e nosso, deveria ser mais explícita e nos unir a todos que o procuram na caminhada da vida.