No primeiro testamento, o livro do Eclesiastes é uma lição de realismo e de valorização do cotidiano. Escrito pelo século IV antes de Cristo, em uma situação de dificuldades e na qual o máximo que as comunidades crentes podiam fazer era a resistência cultural, esse livro ensina a valorizar a boa comida, a convivência humana, o amor entre as pessoas, a relação conjugal e o viver cada momento. Nada de um espiritualismo que separa corpo e alma, terreno e celeste. A vida inteira está unida, é no corpo e na matéria que está o espírito e nessa vida concreta somos chamados a ser conduzidos pelo Espírito Divino. “Há tempo para tudo debaixo do sol. Tempo para trabalhar, tempo para descansar, tempo para plantar, tempo para colher, tempo para agir, tempo para esperar”. É importante nos tornarmos capazes de perceber melhor o tempo que vivemos hoje e tirarmos dele aquilo que é importante. O evangelho de Mateus conta que no sermão da montanha, Jesus disse: “Não vos preocupeis com a vossa vida, nem com o que comereis ou com o que vos vestireis... A vida vale mais do que o alimento e mais do que a roupa. Não vos inquieteis com o dia de amanhã. Ele virá com seus cuidados próprios. A cada dia, basta o seu cuidado” (Mt 6, 34 ss).