Hoje e amanhã, em São Paulo, o curso de verão do CESEP (Centro ecumênico de serviço à evangelização e pastoral). Meu trabalho é ajudar as pessoas a terem algumas chaves de leitura para ler a Bíblia de modo pluralista e aberto a outras religiões e culturas. Um rapaz me disse: "Nunca fiz um curso que me fizesse tanto bem, mas não tenho esperança de poder passar isso para a minha comunidade. Quanto mais a pessoa religiosa, mais intolerante e exclusivista". Comentei que ele não podia generalizar. E ele me enfrentou: "Pois é, mas Jesus já teve esse problema. Quem o contestou e foi mais contra ele não foi o pessoal pecador ou afastado da religião. Foram justamente os professores da Bíblia (escribas) e fariseus que eram os mais religiosos da época. Tive de concordar, mas respondi: Sim, porque transformaram a religião que seria de amor em religião de observância. O coração da fé é o amor. Nesse sentido, hoje acordei e meditei uma oração de Runi, um místico muçulmano da Idade Média. Ele orava assim: "O amor se avizinhou e é como o sangue em minhas veias e em minha pele. Ele esvaziou-me e preencheu-me do Bem-amado. O Bem-amado penetrou todas as parcelas do meu corpo. De mim, não resta mais que um nome, todo o resto é Ele. Assente-se com o amor que é a essência de tua alma, busque aquele que está eternamente a seu lado. O Bem-amado é assim, tão próximo de mim, mais próximo que eu mesmo de minha própria alma. De Deus não me recordo jamais, pois a memória existe para quem está ausente e ele vive em mim" (do livro "Sede de Deus" - orações do Judaísmo, Cristianismo e Islã _ compilado por Faustino Teixeira, Ed. Vozes)