O seminário de estudos da Rede de Evangelização da Amazônia (REPAM) tem hoje o seu segundo dia. Participam umas 40 pessoas de todo o Brasil, a maioria da região amazônica. Graças a Deus, a palavra evangelização é aí compreendida como testemunho do projeto de Deus no mundo e não como anúncio de uma doutrina religiosa. Aqui tem pessoas muito empenhadas no apoio às lutas dos índios pelas suas terras (nesses dias índios de diversos povos acamparam frente ao STF pedindo justiça).
Aqui tem religiosos inseridos em comunidades pobres destruídas pelos projetos de mineração da Vale e de outras empresas de mineração que, em nome do progresso e do lucro para uma pequena elite do mundo, estão destruindo toda a região amazônica. Aqui estamos refletindo como viver essa luta de comunhão com os índios, os lavradores, os ribeirinhos e quilombolas a partir da nossa fé e como expressão de uma espiritualidade macro-ecumênica. Como assumir mais profundamente as tradições xamânicas e afrodescendentes para nos revelar o que Deus quer dizer para nós cristãos nessa realidade tão difícil, mas também para sermos justos com essas tradições até hoje discriminadas e perseguidas.
Eu que sou monge, na tradição de vários monges beneditinos que se inseriram nas espiritualidades orientais e como monges cristãos se tornaram Sanyasis hinduístas (Henri le Saux, Beda Griffis, Cornelius Tollens e outros), preciso me inserir mais nesse oceano de amor e ternura divina que é a sabedoria indígena do Xamanismo e os caminhos das tradições espirituais afrodescendentes.