Hoje, gostaria de comentar um fato histórico que nunca antes ocorreu: o papa recebeu no Vaticano um grupo de judeus, tomou com eles uma refeição segundo os ritos judaicos, com canções e orações do Judaísmo, bebeu vinho Kosher, cantou salmos em hebraico e festejou o encontro como uma celebração da amizade.
É bom saber que a relação entre autoridades judaicas e autoridades católicas tinha ficado meio fria e distante desde os tempos de João Paulo II que fez alguns gestos de aproximação, mas ao mesmo tempo, abriu o processo de canonização de Pio XII e sem deixar que se vissem os arquivos históricos para saber se, de fato, esse papa se omitiu ou não diante do holocausto nazista. E com Bento XVI, esse chegou ao cúmulo de restaurar na liturgia da 6a feira santa uma oração que tinha sido tirada pelo santo papa João XXIII porque era considerada ofensiva aos judeus. Antes do Concílio, nas orações solenes da 6a feira santa, se orava pelos "pérfidos" judeus e se pedia pela conversão deles. João XXIII mandou tirar o pérfido. E mudou a oração. Não pedia mais para que se convertam ao Cristo e sim que juntos, judeus e cristãos cheguemos a realizar o projeto divino para nós. Bento XVI explicou ao mundo que em latim pérfido não quer dizer o mesmo das nossas línguas modernas, então podia ficar sim na liturgia (não conseguiu restaurar isso). Mas, mudou a oração para voltar a pedir a conversão dos judeus ao Cristo. É claro que a repercussão disso no Judaísmo não ajudou a relação entre cristãos e judeus. Agora esse papa atual faz duas coisas importantes: recebe um grupo de judeus e entra na forma deles celebrarem e comerem. E além disso, eram judeus argentinos, onde ele sabe que a discriminação e o preconceito contra os judeus ainda são muito fortes (Argentina é o país que recebeu os nazistas criminosos quando esses fugiram da Alemanha depois da guerra). Ao receber os judeus argentinos, o papa faz um gesto contra essa discriminação.