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Papa Francisco: sete anos

                Há sete anos, a Igreja Católica recebeu o papa Francisco como bispo de Roma, patriarca da Igreja Latina e coordenador da unidade das Igrejas. É dia de ação de graças e de súplica a Deus. Na Bíblia, sete é um número simbólico para indicar a totalidade. Sete significa um período completo. Sétimo é o dia do sábado (Shabbat), consagrado a Deus e indicador da plenitude. Penso que podemos ler esses sete anos do papa Francisco a partir dessa chave sabática. Agora começa o ano sabático do papa Francisco. Isso significa "ano decisivo". É muito frequente que ele, depois de encontrar pessoas e no final de reuniões peça: Rezem por mim. Sem dúvida, não diz isso por mera conveniência social. Sente que precisa. 

Alguém me escreveu reclamando que enquanto outros irmãos teólogos escrevem sempre sobre o papa Francisco, essa pessoa olha todos os meus escritos e manifestações e encontra referências a cartas e escritos dele, mas quase nenhum texto diretamente sobre o papa. De fato, tento ser coerente com o modelo de Igreja no qual creio e a teologia que defendo: a eclesiologia da Igreja local. Critico o papado como instituição medieval que nada tem a ver com o evangelho, seja o papa de direita, como até agora era costume, seja o papa mais aberto e mais evangélico, como ocorre atualmente. Desde o começo desse pontificado, me inscrevi em um grupo internacional com sede em Roma que se chama “amigos do papa Francisco”. É claro que dou graças a Deus pelas exortações apostólicas e pela carta encíclica Laudato sii. Reconheço a palavra de Deus em muitos pronunciamentos do papa. Sinto que, apesar de que a estrutura profunda da Igreja tenha mudado pouco ou quase nada, é verdade que o clima na Igreja melhorou muito. Há sete anos, nenhum teólogo ou teóloga é condenado e não existe mais o Tribunal da Santa Inquisição que até 2013, com outro nome continuava forte e firme a impor a fé por coerção. Atualmente, pela primeira vez na história, o papa é identificado com migrantes clandestinos, com pobres e com as minorias perseguidas pela sociedade dominante. E a fé cristã é verdadeiramente lida como expressão de amor incondicional e gratuito. 

Demos graças a Deus por ter o papa Francisco como bispo de Roma e peçamos que a partir das bases a sua proposta de uma Igreja em saída possa ser acolhida e desenvolvida.  Que o novo Sínodo dos Bispos que ele anunciou sobre a sinodalidade possa ser preparado a partir das bases e signifique uma mudança substancial no nosso modo de ser Igreja. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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