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Pedro Casaldáliga: a vida transformada em profecia.

A vida transformada em profecia 

                    Há três anos, partia nosso profeta Pedro Casaldáliga. Para quem o conheceu de perto e teve a graça de conviver com ele, não é fácil ver o mundo sem ele e, principalmente, nessa conjuntura de Igreja Católica que vivemos hoje. Apesar das minorias abraâmicas que teimam em viver o evangelho como profecia, a maioria do clero, da hierarquia e de muitos grupos católicos parecem decididos a caminhar para trás, nos caminhos de um devocionalismo barroco da época das nossas avós e ferrenhamente apegados a um clericalismo autorreferencial que quanto mais o papa denuncia, mais eles o fortalecem.  

Já em maio de 1973, no seu diário espiritual, Pedro Casaldáliga chegava a afirmar que para se sentir plenamente integrado na Igreja Católica, ele precisava ver que ela renunciava a sua tentação de religião ritual e assumia plenamente a vocação de comunidade profética a partir da ética do Evangelho. Lutou por isso a vida inteira e nos deixou como herança alguns princípios que podem nos ajudar nesse caminho de uma Igreja profética. 

1º -Viver a fé, descentrados de nós mesmos e da própria Igreja. O que há de mais espiritual é a luta pela justiça e pela libertação de todos/as.  Absoluto mesmo só Deus e a fome do povo. 

2 – Igreja é sempre e principalmente Igreja local. E essa tem de ser o que hoje o papa Francisco propõe: em saída e sinodal a partir dos pequenos e deserdados do mundo. 

3 – Aprendemos de Pedro o amor apaixonado aos povos indígenas e esse amor se manifestou em todo o seu estilo de vida, até o fato de querer ser enterrado no cemitério Karajá às margens do Araguaia.

Que agora nesse 2023, Pedro nos ilumine a fortalecer o mutirão da profecia e junto ao grito dos excluídos e excluídas, expressar o grito de uma Igreja solidária e profética na luta pacífica pela justiça do reino. Amém. 

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Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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