Precisamos ligar a fé em Deus e a espiritualidade à urgência do cuidado social com as pessoas marginalizadas. Cada dia mais, cresce em nossas cidades a população de rua. Milhares de pessoas jogadas nas calçadas e embaixo de viadutos como se fossem lixos. Vivem como se fossem descartáveis. O papa Francisco tem chamado atenção para isso. Ele denuncia o que tem chamado de “globalização da indiferença”. Para superar essa situação, temos de fazer o que Jesus diz ao professor da Bíblia. Depois que lhe conta a história do samaritano que cuidou do homem ferido à margem da estrada, Jesus disse: Vai e faze o mesmo.
Essa é a proposta da Campanha da Fraternidade deste ano:
1- o olhar sobre a realidade do mundo e especialmente do Brasil.
2 - o discernir o que Deus nos diz sobre isso que vemos e finalmente
3 - o que Ele nos pede como resposta ao desafio apresentado.
O Texto-base da CF 2020, em sua primeira parte, mostra que a realidade atual é consequência de um modo de olhar que descuida da vida das pessoas e da natureza. O texto-base lembra a precarização da saúde e da educação no Brasil. Todos sabemos que o fator que gera tantas injustiças é o aumento descomunal da desigualdade social.
Além da violência que, diariamente, assola as relações humanas, nas periferias das cidades e do interior, somos confrontados com o assassinato brutal de jovens, em sua maioria pobres e negros. Chegam a ser 63 assassinatos por dia. Um a cada 23 minutos. Um verdadeiro genocídio.
Além disso, a ONU e os organismos internacionais têm denunciado que, no Brasil, os povos indígenas nunca tiveram a sua sobrevivência tão ameaçada quanto agora. E essa mesma ameaça pesa sobre a natureza e os bens da terra.
Na segunda parte, a partir da revelação bíblica, o texto-base aprofunda uma palavra de fé que nos ajuda a unir a espiritualidade pascal à urgência de transformar essa realidade. O apelo é que todas as comunidades e organismos de Igrejas possam ser escolas de solidariedade entre seus membros, com as pessoas mais carentes e em comunhão com a natureza.
Em sua terceira parte, o texto-base propõe iniciativas comunitárias para gerar experiências de solidariedade e inclusão. Tomando como exemplo a irmã Dulce, hoje chamada pela Igreja de Santa Dulce dos Pobres, a Campanha da Fraternidade nos confirma: só somos verdadeiramente humanos/as quando somos pessoas de solidariedade e compaixão.