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Sair e semear

                     Nesse 15o domingo do tempo comum, as comunidades leem como evangelho Mateus 13, 1- 17. A famosa parábola de Jesus sobre o semeador. Ao que tudo indica, esse terceiro dos cinco grandes discursos colocados por Mateus na boca de Jesus é posto em um contexto de crise. Os adversários de Jesus parecem ter perguntado porque o reino de Deus não tinha chegado, como Jesus anunciara. E esse responde: ele chega, mas não ainda como fruto maduro e sim como semente. É preciso dar tempo para que ele floresça e frutifique. 

                  Se isso é verdade, o conflito entre Jesus e a sociedade dominante está agudo. E a elite religiosa de Jerusalém não suporta mais Jesus. Na realidade, eles não têm nenhuma prova de que ele corrompe o povo e faz o mal. O que eles têm contra Jesus são indícios e o condenam porque estão convencidos de que a relação de Jesus com o povo cria problemas para os religiosos. Essa história de condenar por indícios e não por provas já existia naquele tempo. Jesus reage contando a parábola do semeador. 

                   Há muitas formas de interpretar a história. Provavelmente hoje somos chamados a prestar atenção na atitude do semeador, mais do que no destino e reação das sementes que frutificam ou não. De todo modo, o semeador sai e semeia por todo canto que pode. Semeia sem restrições.... Hoje, somos chamados a sair. O semeador saiu. O papa Francisco pede hoje que sejamos uma "Igreja em saída". Aprender a semear é em primeiro lugar aprender a deslocar-se. E ao sair de nós mesmos, de nossas seguranças e sair, sair, temos de levar a semente do reino que não se leva no bolso nem na sacola... Leva-se no coração, no corpo, nos pés... Leva-se como estilo de vida. 

                       Durante muito tempo, a Igreja nos habituou a falar em "evangelização". São Francisco de Assis preferia insistir em "evangelismo" ou evangelicidade. Até que ponto nós vivemos o evangelho que pregamos. Como viver profunda e radicalmente uma vida evangélica. Esse é o centro da questão. E o que significa isso hoje no momento atual brasileiro e latino-americano.  

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Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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