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Semear ressurreição

                 A cada dia, parece que o desgoverno atual e os seus aliados insistem em mostrar que a realidade social e política brasileira deteriora sempre mais e ainda pode piorar. E a submissão ao império norte-americano faz descer  pelo ralo abaixo não somente o Brasil, a Argentina a Nicarágua, mas os organismos de integração regional que, na década passada, liderados pelo presidente Hugo Chávez, os governos mais progressistas do continente tinham conseguido solidificar e prestavam um serviço às grandes causas do povo. 

Em minha meditação desses dias, agradeço a Deus o fato de que, quanto mais o golpe do atual desgoverno brasileiro é desmascarado, mais os movimentos sociais, organismos da classe trabalhadora, centrais sindicais e muitos setores da sociedade civil estão se unindo em torno de metas comuns e de uma agenda de resistência e de construção do novo. 

Nesses dias, temos a Semana dos Povos Indígenas, a Semana da Classe Trabalhadora que prepara o seu 1o de maio e  no dia 22 tivemos o Dia Internacional do cuidado com a Mãe Terra. 

Como podemos não nos comover ao ver em Brasília, mesmo em meio a todas as dificuldades, se reunirem no Acampamento Terra Livre mais de dois mil índios de todo o Brasil, na luta pela Terra e contra o Marco Temporário assinado pelo Temer que restringe o direito dos índios à terra apenas aos territórios que eles tinham legalmente antes da Constituição de 1988. (Que farsa grosseira para tomar a terra deles e dar aos latifundiários do agronegócio). Várias lideranças indígenas ameaçadas de morte, vários povos indígenas expulsos de seus territórios ancestrais e, entretanto, resistem e com muita garra. 

Nesses dias, em cidades como Recife, várias categorias se unem na Semana da Classe Trabalhadora. Mesmo debaixo de chuva e às vezes chuva pesada, o pessoal tem cumprido um programa de comunicação com as bases, de reflexão e rodas de conversa e de panfletagem  para conscientizar as ruas da realidade que nos oprime a todos/as. Luismar Ribeiro, companheiro advogado que acompanha a realidade rural do Maranhão me disse que lá descobriram uma lista de 70 pessoas (nossas) prometidas para morrer. Quem são os responsáveis por termos voltado a esses tempos terríveis em que se matavam impunemente lavradores, sindicalistas e índios como se fosse algo normal? E o que podemos fazer ante o massacre dos jovens negros nas periferias de nossas cidades e a violência contra as pessoas LGBT e todas as minorias sexuais? 

Ontem tivemos uma noite de roda de conversas sobre o caminho a ser percorrido para a libertação. Hoje pela manhã, aceitei participar de um ato interreligioso na estação central do Metrô do Recife. Ali durante uma hora, cantamos, oramos e nos comunicamos com as pessoas para expressar que o Espírito de Amor Divino está especialmente inspirando e atuando em  todas as pessoas que lutam para transformar esse mundo. 

Dom Pedro Casaldáliga afirma: A missão consiste em semear ressurreição. É isso que está acontecendo e precisamos celebrar. Ontem, fiquei feliz em ver que todos os movimentos de base e os trabalhadores podem contar com um eficiente serviço de comunicação que é a TVT que transmite televisão de primeira qualidade, sobre o que está acontecendo no Brasil, até agora pelo Youtube e parece que em breve pela NET. Sem dúvida, essa conquista da comunicação é sinal de que a ressurreição começa na madrugada e os primeiros sinais são justamente os anúncios do que está acontecendo e mesmo as pessoas envolvidas ainda não sabem. Vamos semear ressurreição.  

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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