Políticas públicas e o Brasil que sonhamos
Esse foi o tema que, por causa da Campanha da Fraternidade 2019, foi assumido como tema geral do 5º curso de verão da diocese de Caratinga, MG, para educadores populares. Esse curso aconteceu de 23 a 27 de janeiro em uma pequena cidade do sudeste de Minas chamada Divino. É um amontoado de ruas e casas desenhado em meio às montanhas e colinas que permeiam todo o estado mineiro. Rodeada por imensos cafezais, a cidade fica a poucos quilômetros da Rio Bahia, quando essa rodovia vai se aproximando da fronteira do Rio de Janeiro.
Não deixa de ser uma boa surpresa nesse Brasil que parece engessado e sem rumos, encontrar, em um colégio público, mais de 700 pessoas reunidas nesse esforço de manter o processo de formação de educadores/as populares. O curso teve 600 cursistas inscritos. Além disso, contou com 200 pessoas voluntárias colaborando nas equipes de trabalho, 41 encarregados das oficinas que se faziam cada tarde. Pela manhã, palestras e mesas redondas e além dos inscritos 150 pessoas que se inscreveram como visitantes.
Na sexta-feira, 25 de janeiro, estivemos lá, Jonathan Félix (30 anos) e eu como assessores de uma manhã sobre “Espiritualidade sócio-política libertadora”. O próprio encontro foi uma vivência dessa espiritualidade. Nada de lamúrias nem de desânimo. A imensa maioria era de gente muito pobre, lavradores e gente das periferias urbanas das pequenas cidades do interior de Minas. Muitos rapazes e moças que caíam na dança quando o povo cantava qualquer música. E todos/as decididos/as a ninguém largar a mão de ninguém na resistência e na expectativa de uma transformação social e política que seja benéfica a todo o povo e corresponda à justiça do reino divino que Jesus veio trazer para nós.
A experiência de trabalhar junto com um jovem assessor como Jonathan com boa experiência de educador popular e uma boa capacidade de comunicação deu leveza ao trabalho. Na linha do ver, discernir e agir, trabalhamos o tema, de modo que ficava claro a necessidade de libertar Deus do embuste que o apresenta como sendo de direita e aliado dos opressores. Verdadeiro insulto ao Deus da Bíblia que ouviu o clamor do povo escravo no Egito e que enviou Jesus para libertar os oprimidos de todo o mundo.
Foi bom encontrar, junto a todo aquele povo ali reunido, quase dez padres jovens e menos jovens e acompanhando solidários a caminhada do povo. Padres misturados com o povo simples, que em nada se distinguiam de outros participantes do encontro. Como o assunto era espiritualidade libertadora, foi bom ver juntos representantes de paróquias, agentes de pastorais sociais e gente de vários movimentos populares.
Jonathan introduziu a informação sobre os esforços para uma aliança da humanidade pela Vida e falou do encontro ocorrido em Verona sobre a “Ágora dos/das Habitantes da Terra”. E ficou claro que essa vocação para construir uma unidade nova da humanidade é tarefa de todos nós.
Nesse final de semana, (02 e 03 de fevereiro), em Olinda, encontro das comunidades eclesiais de base e pastorais sociais do Nordeste. Encontro com muito menos gente (50 pessoas), mas igualmente no mesmo espírito da caminhada. Na noite do sábado, fizemos uma boa celebração da vida e da fé, significadas na memória da ceia de Jesus. Faz escuro, mas eu canto...