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​Solidariedade como cultura

Ontem, começou em Genebra o encontro dos amigos europeus do MST brasileiro. Fui jantar com eles. Eram umas 25 pessoas, das quais cinco da Itália, dois da Finlândia, um casal de médicos da Espanha e várias pessoas da Bélgica. É claro que o encontro é de representantes de grupos locais bem mais amplos e ricos. Gostei de perceber que há pessoas de minha geração, mas há muitos jovens. Encontrei uma moça congolesa que mora em Bruxelas e coordena uma iniciativa de apoio a escolas para crianças, filhas de lavradores sem-terra no sul do Brasil. O jantar foi em um restaurante escola para africanos residentes aqui. Começou com uma sopa que mesmo eu que não sou muito chegado a sopa achei deliciosa. Perguntei de que era feita. De urtiga. Bem barato para os africanos. E o amigo médico presente me explicou que faz muito bem ao sangue. Ótimo. Vou pegar a receita. Saí do encontro feliz em ver nessa sociedade tão individualista e fria um grupo de pessoas doadas à solidariedade e, ao mesmo tempo, pensei: Se no Brasil conseguíssemos que a classe média brasileira tivesse essa cultura da solidariedade, provavelmente, não precisaríamos da ajuda da Europa. Mas, nossos movimentos populares como o MST são ajudados pelos pobres da Europa e o pessoal brasileiro mesmo, muito mais rico ou ao menos com mais condições, não têm a solidariedade como cultura de vida. O que fazer para mudar isso?

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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